PESQUISA AVANÇADA DA FERTILIDADE DO HOMEM

Pesquisa imunológica

O fator imunológico é uma causa de infertilidade, mas geralmente está acompanhado de outras causas. A indicação deste exame é discutível por não trazer grandes benefícios ao tratamento do casal. Para constatação do problema, identificam-se anticorpos no sêmen e no sangue. Os principais exames são Mar Test e o teste de Immunobeads. O primeiro verifica os anticorpos no esperma e, indiretamente, no sangue. O segundo (Immunobeads) utiliza esferas de poliacrilamide e também deve ser feito no sêmen e no plasma sanguíneo.

Ultrassom pélvico e de bolsa escrotal

Por meio deste exame é possível avaliar a próstata, as vesículas seminais e, principalmente, o epidídimo e os testículos. Nesse último caso, avalia-se o tamanho e, com a ajuda do Doppler acoplado ao ultrassom, estuda-se o fluxo sanguíneo (varicocele), além de eventuais tumores (Figura 3-6).

bolsa

Avaliação hormonal

Os principais hormônios avaliados são FSH, LH, testosterona total, testosterona livre, androstenediona, SDHEA e prolactina. Esses exames são indicados quando houver um espermograma com concentração muito baixa. Frente a esses resultados, poderá ser identificada se a ori­gem da baixa quantidade é em decorrência de empecilhos para a produ­ção, da própria produção ou na eliminação dos espermatozoides (causas pré-testicular, testicular ou pós-testicular).

Fragmentação do DNA do espermatozoide – estresse oxidativo

Embora um espermograma completo possa demonstrar normalida­de na concentração, mobilidade e na morfologia de Kruger dos esperma­tozoides e este seja um exame fundamental que pode nortear os trata­mentos de infertilidade, em muitos casos, os resultados obtidos, mesmo que normais, podem ser insuficientes para concluir a saúde reprodutiva total do homem. A pesquisa da fragmentação do DNA do espermatozoi­de complementa essa primeira, pois, quando houver essas alterações, ela pode ser responsável pela dificuldade de engravidar, pelos insucessos dos tratamentos de fertilização in vitro e abortos. Quando as taxas de fragmen­tação forem superiores a 16%, a chance de sucesso de gestação natural e dos tratamentos de fertilização assistida será menor. As causas mais co­muns dessa alteração são o estresse oxidativo, dieta inadequada, poluição, fumo, drogas e idade avançada, além de outras ainda em estudo. A erradi­cação dessas causas pode melhorar esse problema, mas, se isso não for su­ficiente, o tratamento com medicamentos antioxidantes poderá ajudar a reverter o processo. Durante a fertilização in vitro, um recurso laboratorial chamado PICSI (Physiological Intracytoplasmatic Sperm Injection - injeção intracitoplasmática de espermatozoide fisiológica), que consiste em se­lecionar os espermatozoides para serem injetados no óvulo de um modo semelhante ao que ocorre naturalmente no organismo. Nesse caso, o es­perma é colocado em uma placa laboratorial contendo ácido hialurônico (Hyalozima), substância também encontrada na camada externa dos óvu­los. Essa substância atrai os espermatozoides de melhor qualidade, que se­rão isolados e encaminhados para a fertilização. Em alguns casos, podem ser prescritos antibióticos e, em situações extremas, poderá ser realizada a punção dos espermatozoides diretamente do testículo, onde costumam ter grau menor de fragmentação. Essa alteração do espermatozoide pode influenciar negativamente as chances de gravidez.

Avaliação genética/cromossômica

Cariótipo com banda G: O cariótipo clássico com bandeamento é o pri­meiro exame para avaliar problemas cromossômicos e o mais simples que investiga alterações numéricas, translocações balanceadas e inver­sões – todas responsáveis pela infertilidade do homem e podendo causar problemas futuros no bebê que virá. A alteração mais comum de carió­tipo é a síndrome de Klinefelter (47XXY), que, em seu quadro clássico, cursa com quadro de hipogonadismo hipergonadotrópico e azoosper­mia, embora pode ter quadros clínicos variados e até ser possível haver produção de espermatozoides, embora muito raro estarem presentes no ejaculado. Acomete 11% dos pacientes azoospérmicos.
Outras alterações de cariótipo como inversões e translocações po­dem não causar repercussões no homem, mas estão relacionadas in­fertilidade pela formações de gametas com alterações cromossômicas.

Microdelação do cromossomo Y: o cromossomo Y é o que define o sexo masculino e é o menor do genoma humano. Tem três braços: dois cur­tos e um longo, que é dividido em três regiões chamadas AZFa, AZFb e AZFc, que contêm informações genéticas responsáveis pela produção e maturação dos espermatozoides. Chama-se microdelação a ausência total ou parcial das informações que estão no DNA dessas regiões. Mi­crodelações são identificadas em 15% a 25% dos homens azoospérmicos e em 10% dos homens com produção dos espermatozoides gravemente comprometida, a chamada oligospermia severa (menos do que cinco milhões de espermatozoides por ml). Homens com quantidades maio­res só em casos raros têm esse tipo de problema.
Essa alteração não é percebida no cariótipo normal, e só pode ser es­tudada por um exame específico no sangue pela técnica de PCR (Reação da Cadeia da Polimerase).

Todos os homens portadores de microdelações devem receber acon­selhamento genético e ser orientados sobre os tratamentos de inferti­lidade, a constituição de sua família, a herança genética aos filhos do sexo masculino e a possibilidade de tornar-se azoospérmico. A indicação preventiva do congelamento do esperma pode ser uma boa opção. Não existem outras implicações na saúde do indivíduo, e essa alteração só poderá ser herdada em bebês do sexo masculino. O tratamento da ferti­lidade é feito por técnicas de fertilização in vitro, geralmente buscando­-se espermatozoides diretamente nos testículos.
Nos casos de azoospermia com presença de microdeleção na região AZFc, há boa chance de se encontrar espermatozoides no testículo. Se microdeleções nas outras regiões, as chances de se encontrar esperma­tozoides são muito pequenas.

Pesquisa de Fibrose Cística: a Fibrose Cística é uma doença autossô­mica recessiva que cursa com doença pulmonar progressiva, disfunção pancreática exócrina e concentração elevada de eletrólitos no suor. Os homens são inférteis por agenesia congênita ou hipoplasia de ductos deferentes, levando a um quadro de azoospermia obstrutiva. Em alguns quadros leves, esta é a única manifestação da doença. É possível gravidez com recuperação de espermatozoides diretamente no testículo, entre­tanto é importante o aconselhamento genético do casal, com pesquisa se a mulher é heterozigota, pelo risco de filho acometido. Nestes casos, pode ser realizado teste genético pré-implantacional.

outros: existem outras alterações genéticas mais raras que podem ser pesquisadas na história familiar ou quadro clínico. Um exemplo é a Sín­drome de Kartagener, doença autossômica recessiva que leva a uma dis­cinesia ciliar, com deficiência no transporte muco-ciliar. Cursa com a tríade: sinusite crônica, bronquiectasia e situs inverso. Por alteração no flagelo do espermatozoide, podem apresentar infertilidade.

Biópsia Testicular

Consiste na retirada de um fragmento do tecido do testículo e, atual­mente, é pouco indicada, uma vez que os exames citados anteriormente são capazes de dar o diagnóstico final com boa precisão. Pode ser reco­mendado quando houver a ausência de espermatozoides. Esse proce­dimento, normalmente, só é indicado no momento da fertilização, para recuperar os espermatozoides e enviá-los para o Laboratório de Repro­dução Humana para o processo de fertilização.

QUADRO 3-3. AVALIAÇÃO DA FERTILIDADE MASCULINA

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