A Perda da Fertilidade no Decorrer da Idade

O número de homens que buscam a paternidade em idades mais avançadas têm aumentado nos últimos anos e, com isto, também vêm crescendo o interesse pelo efeito do envelhecimento na fertilidade do homem. Nos USA, houve um aumento de 20% nas últimas décadas, de pais com idade superior a 35 anos. Na Europa e no Brasil neste mesmo período mais homens entre 50 e 65 anos têm procurado pela pesquisa de sua fertilidade. Muitos motivos, sociais e econômicos têm justificado este aumento da vontade de ter filhos nesta fase mais avançada da vida. Entre eles estão o crescimento do número de uniões desfeitas que levam um indivíduo a outro casamento muitas vezes com mulheres que não têm filhos e os desejam, mas os avanços das técnicas de Reprodução Assistida podem ser responsáveis por grande parte desta procura.

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Até há pouco tempo pouco se falava ou se publicava a respeito da queda de fertilidade do homem com o passar da idade. O tema envelhecimento e incapacidade de ter filhos, abortamentos e malformações eram sempre ligados à mulher. Não havia referência a homens. Entretanto, nos últimos tempos, vem aumentando relatos que comparam a fertilidade masculina no decorrer dos anos da vida.

Alguns estudos demonstram este declínio progressivo da fertilidade, comparando o tempo de demora para conseguir a gestação entre dois grupos de mulheres, com menos de 35 anos, casadas com homens de duas diferentes faixas etárias. Num grupo, mulheres casadas com homens entre 25 e 30 anos e num outro mulheres casadas com homens com mais de 50. As mulheres com maridos mais velhos demoraram mais para engravidar e as taxas de aborto foram maiores. Portanto estes dados comprovam que a gravidez é mais fácil em homens mais jovens.

A relação da idade do homem com a fertilidade envolve muitos fatores, entre eles os hormônios sexuais, disfunção sexual, função testicular, alterações genéticas do sêmen e a fragmentação do DNA do espermatozóide.

Destas as que são mais facilmente avaliadas, são as alterações da qualidade do sêmen, e a fragmentação do DNA do espermatozóide.

Qualidade do sêmen

O espermograma é o exame básico que avalia a fertilidade do homem. O estudo das alterações deste exame com a evolução da idade tem sido inconclusivos. Algumas publicações têm demonstrado diminuição de quase todos os parâmetros: concentração, volume, motilidade e morfológico mas, outros contrariam estas afirmações. O IPGO estudou 479 homens com idade entre 25 e 65 anos (médias 37,6 dividindo em 4 grupos de acordo com a idade). Ao redor de 25% foram homens com idade superior a 40 anos. Conclui-se com este estudo que o volume e a motilidade diminuem com o aumento da idade (tabela 1) o que não ocorre com a concentração nem a morfologia.

Comparação de parâmetros que indicam a qualidade do sêmen de acordo com a idade

Parâmetros Menor que 30 anos Grupo I 30-40 anos Grupo II 41-50 anos Grupo III 51 anos em diante Grupo IV
No de pacientes 38 302 123 16
Volume 3,3 ± 1,5* 3,2 ± 1,7 2,7 ± 1,4 2,5± 1,6
Concentração 46 ± 4,9 49 ± 5,2 47 ± 5,4 54,6 ± 6,1
Morfologia Kruger 10 ± 3 11 ± 4 12 ± 3 9± 3
Motilidade 36 ± 18 36 ± 18 26 ± 18 21 ± 12

Fragmentação do DNA

Homens com um alto índice de fragmentação do DNA (maior que 30%) têm chances menores de gravidez, tanto naturais como em tratamentos de Fertilização Assistida, além de efeitos negativos na implantação e no desenvolvimento dos embriões. Embora as causas da fragmentação do DNA não sejam totalmente conhecidas sabe-se que pode ser influenciada pelo cigarro, drogas, toxinas ambientais (dioxinas), intoxicação por doenças ocupacionais, varicocele, traumas testiculares e câncer, mas a fragmentação do DNA também aumenta com a idade. Alguns estudos demonstram que homens com idade superior a 50 apresentam um índice de fragmentação maior que os mais jovens (15% com menos de 30 anos e 34% para maiores de 50). As razões para estas alterações não estão esclarecidas, mas são constatações que demonstram a perda do potencial reprodutivo do sexo masculino com o passar da idade.

Comparação das taxas de fragmentação do DNA no decorrer da idade

  Entre 30 e 35 anos Grupo II Entre 35 e 40 anos Grupo II Entre 40 e 45 anos Grupo IV Entre 45 e 50 anos Grupo V Maior que 50 anos Menor que 30 anos Grupo I
Número de pacientes 201 1000 1144 640 189 101
Idade de fragmentação 1,5 ± 1,0 17,6 ± 1,1 20,1 ± 1,3 24,4 ± 1,5 26,8 ± 1,7 33,8 ± 2,0

Conclusão

O "relógio biológico da reprodução" não deve ser considerado um fato exclusivo da mulher e por isto, a idéia de apontar limitação da idade como um fenômeno só do sexo feminino representa, atualmente, uma das grandes injustiças da sociedade. Até pouco tempo, a opinião dominante era: "culpe a mãe"; entretanto os últimos estudos têm demonstrado que quanto mais velho for o pai, menor será a chance de gravidez. É tempo de reconsiderar.

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